segunda-feira, 21 de abril de 2008

Uma viagem para começar a semana

"Será que os computadores estão pensando, ou apenas calculando? E, de modo contrário, será que os seres humanos estão pensando, ou apenas calculando? O cérebro humano, presumivelmente, segue as leis da física, então deve ser uma máquina, ainda que muito complexa. Será que existe uma diferença inerente entre o pensamento humano e o pensamento de uma máquina?"

Essas indagações foram levantadas por Ray Kurzweil, no seu livro "A Era as Máquinas Espirituais" (São Paulo: editora Aleph, 2007, p. 23).

O cara é um gênio, só que nasceu de forma prematura, pelo menos uns vinte anos à frente do nosso tempo. Basta dizer que, entre outras coisas, ele sugere que, no futuro, nós, humanos, discutiremos se os computadores seriam dotados de "dignidade", já que, para ele, será natural que as máquinas evoluam para um estágio em que possuirão auto-consciência e até mesmo emoções próprias. Isso ainda neste século, de acordo com seus cálculos (não é mero chutômetro, não). Para convencer, ele sugere a seguinte comparação: se a indústria automobilística tivesse se desenvolvido, nos últimos 50 anos, tanto quanto a indústria da computação se desenvolveu, os carros de hoje custariam um dólar e viajariam à velocidade da luz. Logo, é muito provável, se o desenvolvimento da computação seguir no mesmo ritmo, que, em breve, a capacidade de raciocínio da máquina ultrapasse, em todos os aspectos, a capacidade de raciocínio do cérebro humano. E olha que ele não está falando apenas do raciocínio lógico. Não substimem o poder da computação quântica.

As indagações de Kurzweil podem parecer uma viagem muito alta e futurística, mas não é tão absurda quanto parece à primeira vista. Hoje, os computadores já são capazes de criar algo inteiramente novo, seja música, quadros e até mesmo poemas. Basta alimentá-los com um banco de dados relativamente rico que ele criará algo totalmente inédito. Quem será o titular dos direitos de propriedade intelecutal sobre a criação de uma máquina? Perceba que ela não necessariamente terá um dono. Aliás, pode ser que ela tenha sido "construída" por uma outra máquina. Isso já é relativamente comum.

Confesso que, mesmo depois de ter lido o livro na íntegra, ainda não consegui me imaginar em um mundo em que as máquinas terão sentimentos ou inteligência emocional. Por isso, prefiro entender, por enquanto, que a dignidade é um atributo do ser humano, e que as máquinas ainda são objetos a serviço do homem.

Espero que as máquinas não fiquem com raiva de mim no futuro por essas palavras... Elas entenderão minhas razões...

6 comentários:

Anônimo disse...

Big George,
após ler esse último post, acredito ter "começado a entender" o que você quis dizer sobre a total insanidade de sua futura tese de doutorado.
Estarei enganado, ou o texto sinaliza mesmo algo nesse sentido?
Aguardemos!

George Marmelstein disse...

Driconildes,

apesar de ser um tema que também me interesse, não é essa a linha de pequisa que pretendo seguir.

Na verdade, penso em escrever algo mais prático. Algo que envolva direito, religião e ciência. Depois explico melhor.

Unknown disse...

Mutio interessante o assunto deste post, apenas lembrando que a temática não é recente, a começar pelo clássivo filme blade runner de 1982, baseado em libro célebre, passando pelo mais recente "robô", também adaptação de um livro de ficção científica. Aliás, outro dia, não lembro onde, li, vi ou ouvi em algum lugar, a conjectura de num futuro, não se sabe quando, os androides fazerem os questionamentos do post e chegarem à conclusão de serem superiores aos próprios humanos, talvez gerando conflitos para os quais não estamos preparados. Será?

Um abraço pra vc, George, há tempo, desde a sua época da página hpg, estou para lhe dar parabéns pelo blog, sem dúvida, dentre tantas, a maior virtude é compartilhar conhecimento, sem nada pedir em troca, aprendi muito com vc nessses anos todos.

Marcelo Barbosa

Hugo de Brito Machado Segundo disse...

Caro George,
O tema é interessantíssimo, e faz muito tempo que me instiga também.
Não sei se você sabia, mas quando eu era pequeno sonhava em construir um robô. Cheguei até a construir uma maneira de o meu MSX (é o novo!) controlar, pelo comando do gravador (é o novo!!) o meu percival (nem vou repetir, porque aqui nem se fala!). Fazia uns programas em BASIC para controlar o robô, que saia andando pelo meu quarto (às vezes batendo nas paredes).
Bom, mas deixando saudosismo de lado (pesquise depois, no youtube, por "ding-bo", e você verá um vídeo que coloquei de quando eu era criança...), não sei se você já leu o "Eu, robô", do Isaac Asimov. Fiz até um post sobre o livro, você deve lembrar, mas abordando um outro aspecto completamente diferente. Esse, da inteligência artificial, não, mas é muito bem explorado no livro.
Há também dois filmes que tratam bem a questão. Um é o próprio "eu, robô", inspirado no filme, com Will Smith, e o outro, nesse ponto muito melhor, e acho que também inspirado no Asimov, é "A.I", com aquele menino do sexto sentido (esqueci o nome).
E aí, tornando ainda mais difícil o debate sobre a titularidade dos DFs, uma "consciência artificial" teria direitos fundamentais? Alguém poderia ser punido por simplesmente "desplugar" um computador consciente?
Hoje esse debate pode parecer meio louco, mas quem não seria considerado meio louco, há duzentos anos (o que não é nada em termos históricos), se falasse em coisas como avião, ônibus espacial, viagem à lua, internet, transplante de coração etc.?

Unknown disse...

Como melhor lembrado pelo Hugo no comentário anterior, o nome do filme, a que me referi, não é "robô", mas, "eu,robô".

Marcelo Barbosa

George Marmelstein disse...

Realmente, a ficção científica já vinha cantando a bola faz tempo. Mas o problema é que agora está começando a se tornar realidade, diante do avanço da inteligência artificial.